sábado, 23 de maio de 2015

Resenha: O Conto da Deusa



SinopseNesta releitura de um conto milenar, a aclamada escritora de romances policiais Natsuo Kirino, deixa de lado suas tramas urbanas para recriar um antigo capítulo da mitologia japonesa - a lenda das irmãs Izanagi e Izanami. Ambientada em uma ilha mística em forma de gota de lágrima, 'O conto da deusa' é uma trágica história de amor e vingança, que reconta o mito da criação do Japão, com a marca inconfundível da autora.

Bom gente, eu havia deixado esse livro como indicação para o dia das mães, mas ainda não o havia lido, porém, assim que li a sinopse, me senti atraída pela história.

Namima, "Mulher-Em-Meio-Às-Ondas", é uma miko e seu relato começa no pós-morte. Nascida numa ilha distante, em formato de gota e cercada por leis rígidas, ela se vê deixando abruptamente de ser uma garotinha de 5 anos, que corria pela ilha junto com sua irmã, Kamikuu, "Filha dos Deuses", para percorrer o caminho que os Deuses destinaram a ela. Apesar da pobreza da ilha, as irmãs nasceram numa uma família nobre, pois eram responsáveis por proverem o Oráculo da ilha. Namima amava sua irmã mais do que tudo, mas podia notar que o tratamento que recebia, muitas vezes estava abaixo do que o que Kamiku recebia. Os homens, que estavam na maioria das vezes, fora da ilha, sempre que retornavam das as viagens de pesca, tratavam Kamikuu com grande deferência. 
Foi no aniversário de 6 anos de Kamikuu, que Namima tomou consciência de que diferença se tornou cristalina. Todos os homens da família fizeram um esforço para retornar da pescaria a tempo de participar da comemoração, a ilha interia havia sido convidada e até mesmo o chefe da ilha, que estava doente há um tempo, pegou seu cajado e foi até a casa das garotas. Namima não recebeu permissão para participar da festa, assim como não recebeu permissão para desfrutar do grande banquete preparado especialmente para sua irmã e no momento em que correu em direção a Kamikuu, ouviu sua avó chamando-a de impura, revelando que ela não tinha permissão para se quer, olhar para sua irmã. 
A partir desse momento, Namima é incumbida de levar as refeições para sua irmã durante os anos que se seguem, até o outro lado da ilha, onde Kamikuu agora morava junto com sua avó, atual Oráculo. Namima não podia espiar a cesta e não poderia tocar nas sobras, tendo que jogar fora toda a comida de melhor qualidade que Kamikuu deixava. Assim passou a se questionar se aquilo era correto, uma vez que todos na ilha passavam fome e todos os dias ela tinha que jogar fora aquelas maravilhosas refeições. 
Até que um dia, Mahito, um jovem morador da ilha, sabendo da incumbência de Namima, vai até ela e pede que não jogue a refeição daquele dia, pois sua mãe está para dar a luz e encontra-se bastante fraca. Tocada, Namima entrega o conteúdo da cesta a Mahito e a partir desse momento, eles passam a se encontrar todos os dias, aos poucos um amor vai surgindo entre eles e acabam se entregando um ao outro. O que poderia ser um começo de um belo caminho para Namima, torna-se a sentença de seu fim, pois mais tarde, ela descobre que está destinada a viver isolada da companhia dos vivos,  mas em seu ventre ela carregava uma vida. Mahito e Namima decidem fugir da ilha, na esperança de fugir do cruel destino que os esperavam, caso descobrissem o fruto daquela relação proibida. E esse é o fim do começo.

No segundo plano da história, Namima passa a servir a Deusa Izanami, responsável pelo Reino dos Mortos. Uma Deusa que guarda uma amargura sem fim desde que o seu consorte, o Deus Izanagi (grafado como Izanaki), viu-a em seu estado degradante. Passamos então a ver que as histórias das duas estão completamente ligadas e o motivo se torna claro a medida em que avançamos na narrativa. O livro é de fácil compreensão e desperta todo tipo de sentimento no leitor. Eu chorei junto, senti raiva, me senti ferida, tomada pelo ódio, mas também pude provar do perdão, do amor e dos sacrifícios. É um livro sobre escolhas, destino e vingança. Quem gosta de mitologia e tem curiosidade pela mitologia japonesa, é um livro super indicado.  Há uma ponta solta na história, mas que não interfere no rumo dos acontecimentos, porém fiquei me questionando no fim: O que o destino reservou para Yayoi? 

Quem for ler, não deixe de comentar sua opinião e para quem leu, compartilhe com a gente seu palpite! Espero que tenham gostado! Abraços.


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